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Jorge Augusto Maximino

 Univ. Pádua; CLEPUL, FLUL

“Poesia e poética do ensaio em António Ramos Rosa”

 

A obra de António Ramos Rosa, publicada a partir da segunda metade do século xx, ocupa um lugar central na poesia contemporânea e no ensaio. Sendo a sua obra poética uma das obras mais representativas, tem também o autor um lugar de destaque pelo excelente ensaísmo que nos legou e pela sua intervenção teórica e crítica no panorama literário europeu, tendo-se tornado Ramos Rosa autor de uma obra paradigmática da modernidade poética em Portugal.

Uma das problemáticas ainda por abordar em profundidade na obra de António Ramos Rosa é, por exemplo, a que diz respeito à relação dos seus ensaios com a sua própria poesia, nas suas diversas interligações, associando reflexão teórica ao seu trabalho poético e à forma que tomou a sua poesia. Uma questão importante será a seguinte: que nova proposta de leitura poderá trazer-nos uma investigação aprofundada sobre as injunções do ensaio na sua própria poesia? Ou ainda: que especificidade ocupa o seu ensaísmo no diálogo com outros poetas e ensaístas? Quais as temáticas privilegiadas e que significado podem ter concretamente no quadro da obra que nos legou?

A forte relação entre ensaio e texto poético tem neste contexto uma dimensão especial uma vez que na poesia de Ramos Rosa se vislumbra um processo criativo no qual a dinâmica de totalização nos coloca não só diante da problemática da poesia e da sua construção, mas também perante o problema da existência, da verdade do homem.

Procuraremos, por isso, apresentar uma reflexão incidindo no cruzamento destas problemáticas através da temática da linguagem, partindo da premissa de que esta é uma questão central nessas duas partes da obra do autor.

Para tal o nosso trabalho seguirá uma abordagem fenomenológica, focando especificamente um conjunto de textos escolhidos, entre os vários ensaios e livros de poesia do autor de Incisões Oblíquas, com uma breve passagem por Fernando Pessoa e por alguns poetas portugueses contemporâneos.

Jorge Augusto Maximino é investigador, escritor e professor universitário, com doutoramento em Estudos Portugueses pela Universidade de Paris IV-Sorbonne, onde foi bolseiro da FCT entre 2005 e 2008. Exerce funções de docente na Universidade de Pádua desde Outubro de 2017. Investigador integrado do CLEPUL-Universidade de Lisboa, na área da literatura, estética e teoria da cultura, tem orientado o seu trabalho para as problemáticas do tempo. É também membro do IELT da Universidade Nova de Lisboa. Foi coordenador científico de cursos de pós-graduação e seminários, tem publicações dispersas livros, revistas e antologias, algumas das quais organizou e editou.

Autor de três livros de poesia e um de contos, coordenou projectos internacionais, congressos, seminários ou mostras de arte como Portugal e a Europa (Paris, 1994), numa parceria do Centro Georges Pompidou e ARIMAGE, o Festival do Imaginário (1996 e 1999), com o patrocínio do Ministério da Cultura, Fundação Calouste Gulbenkian, a Bienal Internacional do Douro, a Mostra de Arte Contemporânea do Côa. É fundador do Festival de Poesia de V.N. de Foz Côa e da Revista LUSOGRAFIAS. Principais livros publicados: Philosophie et modernité dans l’oeuvre poétique d’António Ramos Rosa (Paris, Harmattan, 2013); Ética e Alteridade em Primeiras estórias de João Guimarães Rosa (São Paulo, Escrituras Editora, 2013). Edição e organização de antologias de poesia: Tempo Migratório (Lumiar, 1985); 18 + 1 Poètes de Langue Portugaise, org. com Nuno Júdice e Pierre Rivas (Paris, Instituto Camões-Chandeigne, 2000); Imaginários de Ruptura — Poéticas Visuais (Lisboa, Instituto Piaget, 2002).  

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